terça-feira, 28 de junho de 2011

Rifa-se um coração







Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista...Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: "O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer" Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.'




Clarice Lispector.











sexta-feira, 17 de junho de 2011

" E você pode contar para todo o mundo: esta é sua canção"...









 Sua Canção


É um pouco engraçado este sentimento dentro de mim
Eu não sou nenhum desses que pode se esconder facilmente
Eu não tenho muito dinheiro, mas garota, se eu tivesse
Eu compraria uma casa grande onde nós poderíamos viver.
Compraria o mundo inteiro para te dar

Se eu fosse um escultor mas, novamente não,
Ou um homem que faz poções em um show de viagem
Eu sei que não é muito, mas é o melhor que eu posso fazer
Meu presente é minha canção e esta aqui é para você.

E você pode contar para todo o mundo, esta é sua canção
Pode ser bastante simples, mas agora que está terminada
Eu espero que você não se importe
Que eu me humilhe nas palavras
Como a vida é maravilhosa agora que você está no mundo

Eu me sentei no telhado e dei o chute no musgo
Bem, alguns dos versos me colocaram em uma encruzilhada
Mas o sol foi bastante amável enquanto eu escrevi esta canção,
É para pessoas como você que me mantenho ligado.

Assim com licença se eu esquecer, mas estas coisas que eu faço
Você vê, faz tanto tempo que não te sinto por inteira
Que eu até esqueci se seus olhos...
Se são verdes ou se eles são azuis

De qualquer maneira, o fato é o que eu realmente quero dizer
Os seus são os olhos mais doces que eu ja vi








Your Song  - Elton Jong




Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=13GD78Bmo8s














terça-feira, 14 de junho de 2011

Para pensar, refletir. Talvez você concorde comigo.


Meus silenciosos leitores, desta vez o tema é um pouco mais pesado. Sem qualquer sombra  de dúvidas, de grande importância. Talvez você concorde, talvez discorde. De qualquer forma, esta é a mais pura realidade. Um problema social (social porque atinge a todos em geral, mesmo que você acredite que não é influenciado) disfarçado com muitas tentativas de causar risadas  e entretenimento.
O texto é um pouco grande, mas mão é chato. Vale a pena ler.








  Somos bombardeados todos os dias!

Em um dia qualquer, minha mãe liga a TV para assistir sua novela de sempre, no horário de sempre. Entra no comercial e as propagandas começam. Percebo seu interesse pelo que vê, sua mente deseja o que está visualizando. Então, de uma hora para outra, ela me diz:

- Filha, quero comprar este celular para mim. O meu já está velho, não quero mais. Inclusive, a vizinha do lado tem um que tem câmera, 8 GB, internet...

Olho pra ela e não respondo nada. Naquele momento, me perguntei: " Será que vivemos apenas para ter coisas melhores que o nosso vizinho?  "
 Resposta: SIM!

A tecnologia vem aumentando inexplicavelmente. Compramos um carro que no início parece ser perfeito e de bom tamanho para nosso uso e satisfação. Então, ao chegarmos em casa, percebemos uma propaganda com um carro do ano, rebaixado, brilhante e novinho. Percebemos que muita gente está comprando. Resultado? Fazemos dívidas, apertamos nosso bolso para satisfazer aquela vontade.
E assim acontece com um celular, com aparelho de som ou DVD. Não compra-se porque o antigo quebrou. Existe o desejo de querer ser visto como uma pessoa "moderna", que pode ter coisas "boas" e assim, inconscientemente, contribuir para o capitalismo... e a propaganda? CRESCE! Nossas dívidas? CRESCEM! Temos que nos preocupar em ganhar cada vez mais dinheiro.

E  o que dizer das novelas????
A rede globo afirma que exibe a realidade entre as famílias e a sociedade. Acreditam que somos todos uma "grande família", que é a rede com maior audiência por este fato. Agora, uma pergunta: Você identifica sua família com qualquer uma já vista nas novelas?  Sua família vive sempre no glamour, feliz e sorridente? Ou sua família é como poucas pobres de lá, com pessoas com cara de coitadinhas,  boazinhas e gentis, faxineiras e empregadas domésticas sem destino e humilhadas ?
Existe a vontade de querer ser aquele personagem, de ter aquela vida, de ter aquele amor de um determinado casal, grande e inexplicável. Quando o indivíduo percebe que sua realidade é outra, fica extremamente decepcionado e se sente infeliz por julgar não ter uma vida digna.

E o Big Brother Brasil???
Mais uma tentativa de ibope da globo. Pessoas que almejam sair do anonimato e entrar para a vida das celebridades. UMA TREMENDA BABAQUICE!!!
Detalhe --> Significado de babaquice pelo aurélio: " Ações provocadas pelos babacas. São todas as coisas de mau gostos que os babacas fazem. Idiotice, palhaçada, brincadeiras sem graça."
Homens dançando, mulheres semi-nuas, cenas de sexo, brigas, baixo nível. Quando as mulheres saem, vão DIRETAMENTE para a play boy. Participam do Zorra Total (sem graça total) com uma esperança de serem reconhecidos como ator/atriz. Não é muito difícil de acontecer. Um tempo depois alguns deles viram "atores". A globo tem um péssimo elenco de atores atualmente. Pessoas com um "rostinho bonito" e que não entendem nada de teatro. Não tenho absolutamente nada contra os atores que gostam das câmeras, mas o ator precisa necessariamente iniciar num teatro. É a base e tudo. Existem na TV hoje pessoas que não entendem absolutamente nada de interpretação. Essa é minha opinião, como também atriz.  No final, voltam para o anonimato. Um ano depois, alguém os vê na fila do banco ou na praça e nem sequer dão atenção. Leva os adolescentes que estão formando suas personalidades a achar aquilo muito legal!!  UUUH! Vamos todos aparecer na globo!!!

 E os programas de "humor", então???

" Você consegue rir com os programas de nudez humor ultimamente?
É, nem eu, salvo raras exceções. Perdeu a graça. Você assiste, o quadro acaba, você força pra rir mas… não dá. A mídia vai se degradando, e ai de quem fala contra que já é tachado de antiquado, preconceituoso e etc…
Mas, assim como eu, sei que vocês meus caros e silenciosos leitores já estão de saco cheio e um tanto frustrados com a programação vigente que em pleno horário nobre já aborda temas como: “A atriz mãe que dormiu com o namorado da  figurante  filha”; “Ronaldo Ésper leva Luciana Gimenez ao cemitério” (cara isso existe); “Sabrina Boing-Boing pretende colocar mais seis litros de silicone” (comovente).
Sei que vocês assim como eu, ficam com “a cara no chão” quando, em plena tarde, durante seu lanche ou quando você recebe uma visita; a programação exibe uma cena constrangedora, diálogos baixos e coisas do tipo. Ou ainda pra você que é pai, quando a “bendita” cena aparece logo na hora que seu filho passa na sala. É comum ver hoje profissionais perdendo espaço pra gente sem talento. Tudo em nome da audiência!
Em resumo, se é pornográfico, gera polêmica ou baixaria simplesmente ganha espaço na mídia. O quadro é desolador: programas sem pé nem cabeça, apresentadores sem ética, pessoas semi-nuas e está armada a festa, que além de tudo é em nome da “liberdade” e “contra o preconceito”, mesmo ridicularizando alguns grupos ou classes sociais. Programas que realmente valem a pena se espremem em horários praticamente inacessíveis.
A galera fica fanática pelo que os artistas estão fazendo, com quem estão no momento, se já casou, se já traiu, se já brigou, se já separou e aí se já casou de novo. A onda é cantar o hit do momento da bandinha de vitrine mesmo que a letra seja sem sentido ou com NeXo Zero (Qualquer semelhança é mera coincidência  :) ).
Resultado: pensamentos vazios, mentes vazias, senso crítico atrofiado, caráter deformado… Cabe aqui um parêntese pra comentar o recente caso do cantor de hip-hop, machão e ídolo da garotada que espancou sua namorada, também cantora e foi parar na polícia – nada que seja tão diferente dos clipes e letras de música do segmento que apresentam mulheres como objeto e estimulam uma vida superficial.
É, meus amigos, no afã da “liberdade” a sociedade começa a sentir falta do bom senso.
Aliás, você já se perguntou por que programas como “Chaves” e “Os Trapalhões” (que entrou para o Livro Guinness de Recordes Mundiais como o programa humorístico de maior duração da TV) continuam fazendo sucesso depois de tanto tempo? Talvez porque façam parte de uma espécie de safezone da TV que você pode assistir sem levar sustos maiores. "


Então, se você diz que não é influenciado pela mídia e pela propaganda, está totalmente enganado. Você compra pães, bolachas, creme dental, escovas de dente com alta tecnologia, celulares, cigarros, remédios para emagrecer, refrigerantes... tudo através da propaganda, contribuindo para o multiplicação do capitalismo.
A tendência é piorar? Talvez. Mas, infelizmente, ninguém escapa dessas coisas atualmente.


Obrigada,



Marianna

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Doce solidão

E de repente, decido viver.

Tão de repente, peço silenciosamente que esta tarde dure, que seja prolongada a cada respiração. Uma tarde solitária, uma tarde quase qualquer. De repente, quando sinto que não há mais nada por perto, quando suponho que talvez o mundo não passe de cinzas de cigarros, percebo a vida.
Me vejo sentada na areia. Me vejo tão bem que até consigo supor que sou feliz. Me sinto,  mas não me vejo. Sinto medo de me decepcionar com a visão de mim mesma. Poupo-me disso e de outras coisas do gênero. Prefiri não olhar para mim naquele momento.
Ouço o silêncio, mesmo quando existe o desejo de gritar. Percebo lentamente todos os meus sentidos. O mar está presente, a calma e a verdadeira razão de viver também. Aqui não existem cálculos, salários, chefes, contas atrasadas. Não existe o amor por coisas externas, que vem e depois despedem-se. Só a presença do hoje me devora. A vontade de ultrapassar limites, de ir além. A tarde que entra, que corrói, que maltrata, que faz bem. Apoio-me num barco e escrevo. Sou interrompida por um homem com uma rede na mão, perguntando se já fumei um cigarro dentro do mar. Respondi que jamais havia feito algo parecido, mas que parecia muito estimulante. Ele me respondeu " não há tranquilidade maior. Nenhuma buzina, nenhum trânsito, ninguém te enchendo o saco. Só você, o barco, o mar, o cigarro e uma boa música." Naquele momento, senti que estar sozinha não era tão ruim quanto parecia. Eu posso me sentir, posso me ouvir, posso entender quem sou. Você já experimentou isso?




Depois de um dia de trabalho, decido ver o mar. Quinta-feira, quinta-mar!
 Sou como as ondas que vi. O vento me arrasta quando estou muito longe da margem, venho em direção a ela com muito vigor para te levar comigo. Neste momento sou forte, consigo controlar-me e controlar-te. No fim, me despedaço. A condição humana é a fraqueza. Sumo aos poucos, até renascer.
Antes de ir embora, o pescador me pede um cigarro e fala mais um pouco sobre o mar. Peço para que ele me fotografe, e assim ele fez. Foi embora.
Estou sozinha novamente nesta tarde de cicatrizes, nesta tarde que me alimenta. Não sinto mais vontade de estar sozinha, a solidão parece perturbar. Desejo compartilhar aquela tarde que ardia, que silenciosamente ia embora. Decido entregar-me e aceitar as condições que foram estabelecidas.
Me pergunto quem sou. O "eu" de ontem é história. O "eu" de amanhã é desconhecido.
 Estou sozinha! Que felicidade, hoje estou sozinha!
Desligo o celular. Fumo um cigarro, falo sozinha, canto músicas. Busco tudo que existe em meu interior e acabo tendo a absoluta certeza de que tenho o que há de mais belo no mundo para oferecer: o amor. O mundo está cheio de vida, cheio de coisas e pessoas incríveis. Por um momento, viver parece ser divertido. Me percebo, me toco, relaxo, me exalto e, por um momento, sinto orgulho de ser quem sou. Carrego minhas cicatrizes nas mãos como se fossem medalhas.

E mais de repente ainda, levo um grande susto! A tarde já não era mais tão solitária assim. Ando lentamente até a margem do mar e finalmente decido olhar meu rosto refletido na água. Sorrio. Sorrio insistentemente. Me abraço, sinto o mar.Fecho os olhos, deixo o fim daquela tarde me levar.










Diante desta visão, percebo algo importante: Estou muito bem acompanhada.