quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Viver é pura aceitação!

São 5:37 da manhã, escrevo para o mundo.

Isso não é um lamento, é um sorriso de complacência. Pura aceitação!


E assim seguimos, distendendo sensações que não possuimos, distinguindo sabores nunca provados, disputando ardentemente com a transparência das verdades.
 O sabor e os sentimentos ainda refletem-se no cheiro de tudo. De repente e lentamente, sou consumida por uma condescendência intolerante. Sinto a disposição do espírito que faz ceder aos sentimentos, aos desejos de alguém. Pura aceitação!



Isso não é uma condecoração, não é uma homenagem. É uma cerimônia, um acasalamento de palavras. O princípio e o precipício de viver. Tomei um vício pela ideia de vida. Ser vivo é ser tudo aquilo que sofre, que ama, que arrisca, que ousa. Se você não se identifica, certamente não vive. Tenho urgência em viver, transparecer energias boas, vida, sensações.

Temperaturas, calor humano. Quando minha pele entra em contato com a arte de arriscar, o sufocamento que o prazer me causa é transparente. Sorrisos insistentes e sujestivos! Esse é o sufoco de estar vivo, de permanecer sentindo o cheiro da noite delirante e embreagada. Noite subversiva, perversa, o resultado parcial de uma subtração.


Oh, não quero mais me expressar por palavras. Tenho vontade de escrever e não consigo. O romance que eu queria escrever seria " É como tentar lembrar-se e não conseguir".
Há um livro dentro de mim. Quero escrever nele sem ter intervalos nas palavras, quero usar letras tão agarradas umas nas outras que não haja intervalo entre elas e eu.





Quero me refugiar nas noites banhadas de vinho, viajar pelo descolhecido de mim mesma, desvendar os mistérios dos sorrisos noturnos, dos pensamentos e dos olhos do meu interlocutor.

Quero mergulhar nas fantasias e irrealidades, encontrar a bússula que me levará à essência humana. Pura aceitação!

Quero asfixiar a verdade eriçando teus pelos, transformar você em artefato. Serei artesã de você. Manusear seu rosto, transformar em obra todas as tuas fantasias. Apenas eu entenderei teus sorrisos e a intensidade de sua personalidade. Um encontro noturno entre o artista e sua obra. Um reencontro despido, onde a obra passa a manusear seu criador. Passa a asfixiá-lo, desafiá-lo. Um encontro onde a obra possue seu criador, sorri e diz "estou dentro de você". Eu, sua artesã, criarei você para que depois passe a ser sua criação.
Uma noite onde a arte e a criação embriagam-se, amam-se, buscam o desconhecido do prazer. E então, olho atentamente em volta e percebo que possuo em minha vida uma das mais importantes obras renascentistas.
Isso é viver!

É sentir na pele o resgate das alegrias perdidas, repor sentimentos dos seus devidos lugares... ou até mesmo abusar deles.

A vida é apenas uma. Por um triz é o futuro. Quero viver muitos momentos em um só minuto. Nascer novamente e crescer quase que totalmente liberta de meu corpo, das restrições, das limitações.
Em um dia não definido, irei embora. Você também irá. Deixaremos este mundo e seus prazeres, seus vinhos, pessoas interessantes que também irão partir, os cheiros, os orgasmos de viver!
É nessa partida que encontraremos as respostas para todas as perguntas do universo.

Enquanto isso, incorpore, ame e ame-se, arrisque... Invista em você. Não  limite sua vida!
Como dizia Clarice Lispector "vamos contrariar as contrariedades".

Não se sinta proprietário do corpo ou da alma de quem te acompanha pacientemente. As pessoas são livres para escolher seus caminhos, seus mapas, suas histórias. Aceite a liberdade. Viver é pura aceitação!

Felicidade interior... estou apostando nela!


(Mariana Soares)